terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O ELO QUE DIFERENCIA E SEPARA

Algumas localidades desprovidas de atenção básica relacionadas aos bens mínimos de condição para a sobrevivência e habitação humana fazem com que seu habitantes sempre sofram algum tipo de discriminação, descaso e desrespeito. Mas qual a questão desta variante, pois vários são os conceitos que relatam sobre a temática relacionada ás localidades onde as pessoas sobrevivem de forma desumana devido ao descaso do poder publico em propiciá-las o acesso á oportunidade de exercerem sua cidadania, pois tais considerações já foram abordagens e muito bem definidas pelo saudoso Professor Milton Santos nas suas teses e dissertações sobre as diversas formas de preconceito, dominação e discriminação pelo território quanto pelo capital.
Porém a Carência pode ser referendada em vários e diversos sentidos, mas o sentido mais amplo da palavra e que afeta a todos é a FALTA, ou seja, a Ausência onde podemos divagar n motivos, mas não podemos ignorar que esta Carência deriva da falta ou ausência de uma Ação a qual vem a ser determinada por uma condição que em muitas das vezes se origina na exclusão.
Agora resta detectar qual é esta condição, se é que basicamente já sabemos, e dentro de uma análise de uma conjuntura desfavorável advindas da carência de ação, devemos estabelecer um entendimento satisfatório de tal adversidade para que esta venha a ser uma ação passível de exercício de qualquer pessoa, e que venha a ser algo de suma importância e inerente à condição de cidadão e cidadã onde devemos compreender o que condiciona determina situação para a partir desta consciência agir na nossa realidade e provocar com isto transformações e profundas mudanças no mundo, porém para isto é preciso que estejamos munidos de informação.
Ao ser entrevistado no programa Roda Viva, o Professor Milton Santos diz que:
“Em A natureza do espaço falo um pouco sobre essa idéia. As classes médias são confortáveis de um modo geral. O conforto cria dificuldades na visão do futuro. O conforto quer estender o presente que está simpático. O conforto, como a memória, é inimigo da descoberta. No caso do Brasil isso é mais grave, porque esse conforto veio com a difusão do consumo. O consumo é ele próprio um emoliente, Ele amolece. Os pobres, sobretudo os pobres urbanos, não têm o emprego, mas têm o trabalho, que é o resultado de uma descoberta cotidiana. Esse trabalho raramente é bem pago, enquanto o mundo dos objetos se amplia. Fui buscar esse conceito em Sartre, quando ele fala da escassez que joga uma pessoa contra a outra na disputa pelo que é limitado. Essa experiência da escassez é que faz a ponte entre a necessidade e o entendimento. Como a escassez sempre vai mudando, devido a aceleração contemporânea, o pobre acaba descobrindo que não vai nunca morar na Ipanema da novela, que jamais vai alcançar aquelas coisas bonitas que vê. Ele continua vendo, mas está seguro hoje de que não as alcançará. Gostaria de dizer que a classe média já começa a conhecer a experiência da escassez. E isso pode ser bom. Como a classe média, na sua formação, tem uma capacidade de codificação maior, isso vai nos levar a uma precipitação do movimento social, da produção da consciência, ainda que seja de uma maneira incompleta........... No Brasil, a expansão do consumo veio com o regime autoritário e continua com a democracia de mercado. Por conseguinte, essa expansão do consumo junto a essas duas estruturas de controle faz com que a opinião pública seja amortecida. Há muito mais espaço para o consumidor, esse espaço legitimado agora com o código do consumidor, e nada para o cidadão. Dessa forma, torna-se mais fácil aceitar um mundo onde são as coisas que comandam, e não os valores.”
Podemos assim perceber que mazelas que atingem e se apresentam a determinados setores de pessoas da sociedade faz com que as mesmas se organizem e pela condição similar a qual estas se ligam faz com este coletivo se una e fortaleça perante sua busca, onde tal ligação deriva da peculiaridade dos problemas os quais estes pares estão sendo afetados. Então os indivíduos buscam através desta ligação estabelecerem uma identificação, ou seja, construir uma identidade que permiti nos reconhecermos onde quer que estejamos para assim estabelecermos formas e normas de reverter a condição precária que encontramos, e mais do que isto ate fazer com que nós enquanto seres nos lembremos sempre que fazemos parte de um contexto e que tudo que ocorre neste depende da consciência que este tem da realidade a qual esta inserido ou mesmo não se esquecer das suas origens, isto permite nos reconhecermos enquanto sujeito de ação. Portanto Comunidade Carente ou de Vulnerabilidade Social pode ser entendida também como um local onde a escassez é o elo que diferencia e separa a necessidade do entendimento e dá compreensão e isto faz toda a diferença no agir.